segunda-feira, 14 de maio de 2007

Propaganda preconceituosa...

Quando o governo faz uma graça, alguém paga a conta, sempre... como já discutimos anteriormente, "não existe almoço grátis"... Quando o governo criou as benesses para estudantes pagarem somente meia-entrada para onde fosse, quem pagou a conta foi o pessoal dos eventos. Atualmente, revoltados com a "máfia" das carteiras de estudantes para todos, os artistas/empresários do ramo começaram uma cruzada para combater o que entendem ser abusos. Não entraremos no métito dessa questão, pelo menos por enquanto.

O fato relevante a ser narrado aqui é uma interessante propaganda que os anteriormente mencionados "prejudicados" colocaram para circular em rede nacional de televisão: nesse ato publicitário, uma série de pessoas está na fila do cinema quando um homem presumivelmente de mais idade e tamanho apresenta uma carteira de estudante. O detalhe é que esse senhor está vestido de estudante, com um uniforme muito menor que seu tamanho e tudo mais... e todo mundo olha com cara de reprovação àquele ato.

A única impressão que me restou após assistir aquela propaganda foi se tratar de uma peça altamente preconceitusa, chegando a me causar nojo. A idéia de que escola/estudo é coisa só para criança me assusta. Pensei imediatamente em adultos e velhinhos analfabetos a quem, sob ponto de vista da propaganda, deve se preservar na ignorância sob pena de "prejudicar a classe artística". Tenho certeza que essa não é a mensagem que se queria passar, mas tratou-se de mais uma boa intenção (espero) que servirá para pavimentar as vias infernais.

Faltou ética ao idelizador da propaganda, que não observou poder estar ofendendo minorias menos favorecidas. Aqui, no caso, não se trata de uma defesa do politicamente correto, mas de uma defesa da própria classe artística, que através da peça passa a imagem de rancorosa, preconceituosa, quase maligna.

Espero que tirem rapidamente o anúncio do ar, substituindo por algo mais de acordo com a nossos grandes artistas, que certamente ainda não perceberam o ódio que atraem para si ao se associarem a atitudes de ética tão questionável.

E o Papa deixou o País...

Finalmente volto a postar, após a saída do Papa do Brasil.

Nesse meio tempo em que grande parte da população se afogava no ópio da religião, alguns políticos aproveitaram estarem em segunda plano nos noticiários para aumentar o próprio salário, inclusive o do presidente da república, aumentando em vários milhões de reais a despesa anual com a já exagerada folha de pagamento do Congresso.

Nesse meio tempo, também, diversos teóricos da Igreja se desdobraram tentando justificar as agora evidentes intenções do Vaticano de interferir no estado Laico brasileiro (através de uma famigerada concordata), impondo convicções católicas, não como opções pessoais mas como leis. Diversas acusações também se fizeram ao levantamento de questões como uso de preservativos, aborto e Lei de Bio-segurança durante a estadia do Sumo-Pontífice, argumentando que esse não seria o momento de abordar tais temas. Só não consigo imaginar quando esse momento chegará no ponto de vista desses religiosos. Certamente tais temas somente poderão ser discutidos quando o Estado adotar uma posição contrária a da Igreja.

Interessantemente, cheguei a ver diversos "pensadores" defenderem que a Igreja Católica possa recomendar a censura entre seus fiéis, como o próprio Papa o recomendou. A maioria desses mesmos pensadores, ao tratar da censura imposta pelos dirigentes Muçulmanos a seus fiéis, seja no campo moral, religioso, filosófico, ou dos direitos da mulher, classificam-na como absurdo.

Mais ainda, nesse tempo, enquanto distraídos, esfriou o ânimo da população acerca das CPIs que se implantavam, afinal é muito mais interessante ao povo discutir se será criado um novo feriado que assistir a apuração de irregularidades que prejudicam o Brasil como um todo.

Resumindo, uma festa para a religiosidade nacional. Vários questionamentos éticos pendentes, mas isso é de menor importância, face ao "evento"...