segunda-feira, 6 de abril de 2015

Sobre Maturidade

Envelhecer não é tão ruim quanto parece. Sério.

É claro que a parte física sofre: as dores aparecem e se tornam mais constantes, não é mais possível fazer tudo que se deseja na hora que se deseja, e os exageros e abusos cometidos cobram seu preço, com juros cada vez maiores.

Mas a parte mental e emocional sofrem uma transformação notável, e normalmente para melhor.

Podemos perceber que uma das maiores aflições da juventude é a indefinição quanto ao que se é. Muito de nossa angústia deriva da incapacidade de responder para si mesmo "quem eu sou?" e "o que será de mim?". Pois bem, essas aflições obviamente não somem de uma hora para outra, mas se nunca somos capazes de racionalizar completamente as respostas dessas perguntas, com o tempo passamos por um gradual processo de aceitação das respostas que a vida nos impõe.

Um dia você percebe que sabe o que é, naturalmente. E quando isso fica claro, não importa tanto para onde se vai ou o que aconteça, pois nada pode mudar sua identidade. Não há como apagar sua história e nem remover seus acertos e erros. Suas conquistas e derrotas pessoais são eternamente suas. Você é o que é, e ninguém tem a capacidade de tirar isso.

A essa altura, em que percebemos como somos nós mesmos, há dois caminhos: recusar-se a se aceitar, e se tornar uma pessoa rabugenta, amarga e intolerante (infelizmente ocorre com muitos), ou passar pelo processo normal de entender o porquê de ser como se é.

Nesse processo de auto entendimento, mudamos muito, provavelmente sem notar, o modo como reagimos emocionalmente ao mundo que nos rodeia. À medida que nos aceitamos, há uma séria diminuição na carga de estresse que nos aflige, pelo menos quanto a nossos demônios pessoais. Ao conseguirmos avaliar como realmente somos, compreendemos automaticamente como as pessoas em geral são - e é por isso que passamos a entender melhor os outros e também aceitá-los. Ao nos conformarmos com nossa própria imperfeição, torna-se possível admitir que os defeitos são fatos da vida, que atingem todos de formas diferentes e que não tornam as pessoas menos dignas de nossa consideração.

Maturidade não é achar as respostas perfeitas para as perguntas profundas sobre si mesmo(a), mas descobrir que está satisfeito com as respostas que já tem.

Maturidade é aceitação. Essa é a parte boa de envelhecer.

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